Roteiro
Um roteiro tem que ser construído de maneira igual a uma peça de vidro: é reunido um punhado de areia e outros materiais que são aquecidos a muitos graus centígrados. E então, com tudo ainda em massa incandescente, a forma é dada. Logo em seguida, vem os detalhes da peça com ela ainda quente. O roteiro acaba sendo parecido com isso. Se for um roteiro curto (história de até umas 50 páginas), dá pra fazer toda a idéia central no mesmo dia da idéia completada - você reúne as idéias e de uma vez só bota tudo o que tem na cabeça no papel. É isso aí, tudo vai no mesmo dia pro papel. No dia seguinte (com certeza a idéia ainda ta bem quente) eu faço uma revisão e com um afastamento apropriado (da hora da primeira escrita) vou cortando o que não fez muito sentido e também vou completando partes que ficariam mais interessantes com detalhes, às vezes, não tão relevantes, mas que são complementares a idéia principal.
Infelizmente, é difícil se envolver com um tempo suficiente a uma obra maior e mesmo a histórias menores. Afinal, temos aula, trabalho, temos que beijar muito a namorada... Enfim! Mas existe uma essencialidade importante quando falamos de trabalho com quadrinho que é o compromisso com o que ta fazendo: se é importante, o planejamento à longo prazo é totalmente indispensável. Existem coisas que não vão esperar por você... se demorar demais a passar o roteiro pro papel, vai perder o interesse (pode escrever o que to dizendo). Os personagens também não têm tanta paciência, principalmente aqueles que são principais... eles mudam na cabeça o tempo todo e se não viverem a história logo de uma vez, acabamos nos perdendo com ele.
Escritos de bastidores
Sabe a página que está no post anterior a esse? Ele não é a história em si. É uma espécie de ‘jornal’ do dia anterior ao campeonato dos meus personagens. Esses tipos de escrito são os bastidores de produção. Pra mim esse tipo de coisa ainda é um mistério. Eu não sei por que sempre fiz isso depois de terminar as minhas histórias antigas. E também antes de começar as histórias de hoje em dia. Eu estou tendo aula de metodologia em pesquisa na faculdade. Nós coletamos informações sobre o processo de produção... ou seja, é algo realmente importante para um artista. Logo, quem faz quadrinho é um artista! Que nada, somos só uns mercenários com muita sede de grana!!! (brincadeira gente, tem que explicar tudo)
Ken Akamatsu é o desenhista de Love Hina – um dos quadrinhos referência pra mim. Ele produziu um encadernado chamado Love Hina Infinity (publicado pela JBC Mangás aqui no Brasil) onde ele conta todo o processo de produção da história desde o início e o dia de produção dos assistentes. Muita coisa parece bobagem (coisas que parecem feitas para o encadernado e não para a história), mas vai saber né?! Vai que por causa das besteiras que o negócio fez sucesso! A gente já sabe como é o povo, não é mesmo!? Rsrsrsr....
Capa de Love Hina Infinity - JBC Mangás
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