domingo, 18 de abril de 2010

A evolução da Espécie

   Bom domingo pra você. Bem, vou continuar meus estudos públicos sobre o ato de criação de um artista de quadrinhos, ou seja, como o nosso processo criativo se desenvolve no correr dos anos. Agora eu quero mostrar isso de forma prática (a prática é, de longe, minha tática favorita de ação. E não a teórica). Minha arte se divide em 3 fases principais: a "primitiva", a evolutiva e a atual (eu chamo ela de semi-profissional). Já mostrei aqui um desenho da minha fase primitiva. Agora vou mostrar a evolução de minha forma de faser quadrinhos. A partir desse momento, começo a levar minhas referências técnicas e culturais mais a serio. Leve em consideração tudo que disse no texto anterior. Devo acrescentar que eu acabei perdendo algo no meio do caminho... algo que encontro claramente na minha arte primitiva. Que bom que estou passando por essa fase de redescoberta.
  OK, vamos aos exemplos imagéticos para que observação. Todos os personagens apresentados aqui estão sobre minha responsabilidade no que diz respeito aos direitos autorais.

1. Essas são as 5 revistas que dividem minha fase primitiva da minha fase evolutiva. Elas tem uma media de 16 páginas. Foram feitas uma por mês... em 6 ou 7 meses;
2. Essa que está em cima das outras foi o último n° da primeira fase de G.A. (Guerreiros Alfa);
3. Observe o desenho geométrico - base de todo meu desenho nessa época;
4. Esse aí é o antigo 'Nega'. Nessa história se chamava 'Nayga'... continuava minha dificuldade de bolar nomes;
5. Uma página da segunda revista. Por opção, mantive ela no grafite;
6. Observe as sequências de rostos desse personagem. A evolução é feita de mês em mês;
7. A mudança mais significativa aconteceu da segunda revista para terceira como podem ver. Mas meu roteiro continuava sendo uma cópia de desenhos que eu tinha visto até ali;
8. Aqui meu desenho começou a capiturar uma referência muito forte de Dragon Ball Z;
9. Amadurecimento na quarta revista;
10. Bem mais expressivo... digamos, mais seguro;
11.  A melhor revista graficamente falando.
12. Ultima vez que aparece na ultima fase (que não foi terminada).  


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   Aqui terminou as minhas primeiras histórias de G.A. Eu já identifico um primeiro ponto de minha identidade artística: foi a partir dessas revistas que comecei a determinar começo e fim das histórias. Já as terminava na minha cabeça - desde então, nunca mais terminei minhas histórias. Eu realmente não me dou bem com finais. Talvez por não acreditar profundamente nos mesmos... como pude testificar um tempo depois.
   Agora, vejam imagens de minha fase evolutiva a partir de 2004. Essa foi a mais prolifera no quis respeito a técnica. E também foi quando reduzi muito minhas referências. Até suprimi-las inconcientemente do meu processo criativo.

1. Essa revista foi feita para a feira de ciências da minha escola em 2002. Foi a primeira vez que fiz algo que queria de fato (com quadrinhos). As cópias foram roubadas e depois, em uma feira sobre transito que aconteceu na escola, estava lá, toda plagiada e com frases trocadas. Eu gostei de que tenham me tomado por modelo... talvez, essa tenha sido a primeira vez;
2. Esse é o Nex (ex-Nega e ex-Nayga). Feito em 2004 ou 2005. Eu já estava bem mais seguro no que fazia. Já sabia que artista de quadrinho era uma profissão e queria segui-la;
3. Minha primeira história adulta. Não terminei - talvez por não ser adulto o suficiente na época. É a criação testando seu criador;
4. Essa é uma página de ação de G.A. na segunda edição da obra. Com o tempo, acabei abandonando o traço do tipo Dragon Ball Z e tive que inserar, mais uma vez, a obra. Agora irei começar a terceira versão (essa será a última).

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   Tenho  muitos outros exemplos de como foi a evolução do meu desenho. Mas creio que para fins de pesquisa isso já é suficiente. Agora a próxima fase será a parte comercial da coisa. Bem, eu queria escrever mais, mas já ta meio tarde. Eu volto no decorrer da semana. Por favor, se puderem, façam comentários para eu ter algumas impressões de terceiros. Obrigado e até...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Sétimo Dia...

   O ato de criação é uma constante para qualquer artista que se preze. Essa criação está sempre pautada em escolhas que temos no decorrer da vida. O artista tenta sempre exceder sua arte, transformando seu ambiente individual e social, mas não consegue romper com os laços das criações que já existiram antes dele. Poderíamos ainda tirar outras coisas da cartola, que não fossem coelhos?
   Essa luta interior de superação tem duas bases, na minha opinião: o lado dos que se perguntam – “O que fazer para ser lembrando? O que leva a um “Como posso fazer algo que levem consigo para sempre?”“. A outra base e do estudioso que compreende as técnicas e desenvolve suas atividades sem muito se importar se as mesmas estão inovando, embora se preocupe em manter o teor de interesse dos leitores pela criação.

...O Dia do resgate das origens.

   Eu sou um nascido da cultura pop dos anos 80. Essa já era uma cultura globalizada, mas com um erro grave: apesar de se encontrar material das mais diversas mídias e dos mais diversos países, o Brasil não tinha nada pra mostrar. Essa realidade afastou o criador (falando de quadrinhos, pelo meu ver) de uma identidade cultural nacional.
   Mesmo enchendo meus quadrinhos de coisas de CDZ (cavaleiros do zodíaco), Dragon Ball e outros animes da Manchete ou SBT e outros; haviam detalhes muito particulares, coisas muito minhas na qual não copiei de ninguém já que só comecei a ler quadrinhos mais adultos com uma regularidade (não confundam com pornô) só depois de 2001, 2002. Eu fazia chamadas fora do contexto da história com os personagens (eu nunca tinha visto isso em outro lugar, não que lembre) e também marcava as paginas finais com uma marca que, com certeza, nunca tirei de lugar nenhum! Isso eu redescobri lendo minhas antigas revistas para me inspirar no Ser Criador de “O Sétimo Dia”, obra que estou realizando agora para o fim do semestre. Foi uma ótima idéia ter me revisitado dessa forma... muito positiva. Apesar de ter hoje muito mais experiência com a produção de uma HQ, algo de minha ‘Pedra Bruta’ ficou largado em algum lugar. Tanto que estava vendo Naruto esses dias e os personagens faziam o mesmo (dimensão não contextualizada dos personagens) e eu achei o “mó estranho!”. Bem, eles faziam coisas mais ligadas à emissora onde o desenho passava, mas mesmo assim, foi uma falha minha deixar coisas que fazem parte de minha noção de criação escapar dessa forma. Ok, esse é o texto que vai marcar o inicio da CONTAGEM INICIAL para a finalização de “O Sétimo Dia” e “Programa Piloto”. Foi mal o atraso para a entrega dos textos e a falta de imagens dessa vez. Mais acima vocês vão achar os textos sobre outros assuntos que colhi durante a semana. (FALTA 3 MESES PARA A EXPOSIÇÃO DE “O SETIMO DIA”)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Material para começar

     Ok, mais um texto preparatório. Os matérias que utilizo antes de começar o quadrinho variam dependendo da história que farei. Meu estilo atual tem uma semelhança com o mangá. Isso já é uma economia para mim, já que desenho em preto e branco (P&B). O material de quadrinho clássico e de mangá é bem parecido: nanquim, pinceis, canetas, papel de gramatura maior e o básico (lápis, borracha, régua, etc). No meu caso, utilizo recursos digitais de composição como acerto de enquadamento, troca de fontes e aplicação de retículas digitais. Meu trabalho de HQ atual é a história "O Sétimo Dia". Nela eu usei inicialmente:
 - um vidro de naquim 60g (R$ 6), 1 pincel marta n°3 (R$ 12), 1 pincel chato de boa expessura (R$ 8) e papel canson 20 folhas gramatura 140 (R$ 6). canetas nanquim e lapis eu já tenho.
     São 20 folhas que serão 90% finalisadas a mão. O Tratamento no PC não é obrigatório, mas é uma mão na roda totalmente. Vou reticular mais pra efeitos e cores fortes. Não ficou muito dispendioso afinal! Mas devo pensar na maneira de reprodução que farei... isso sim será terrivelmente fodástico!

  Vavá Mangás (marca de registro pendente, hehehe)

     Enquanto comprava esse material, descobri umas caixas com material (possivelmente escuso) 'quadrinístico'. A loja é a do Vavá onde se encontra material de artes. Ele tá com um número bom de mangás 'clássicos' na loja dele. Eu estava brincando com respeito ao 'escuso'. Os mangás estão tudo em preços de R$ 2,90! (saudades quando não havia roubo na venda de revista). Você possivelmente não conhece o Vavá, nem tem um fato marcante para eu estar dizendo isso... só que achei sensacional poder comprar uns 20 volumes de Batousai Kenshin a 42 reais... isso é fodástico!

Kenshin na época em que não pedia demais...


sexta-feira, 2 de abril de 2010

Roteiro – termine enquanto ainda está quente

     Voltei. Eu disse que hoje eu iria mostrar alguns exemplos clássicos, mas por causa do feriado, vai ter que ficar para um outro dia.

Roteiro

     Um roteiro tem que ser construído de maneira igual a uma peça de vidro: é reunido um punhado de areia e outros materiais que são aquecidos a muitos graus centígrados. E então, com tudo ainda em massa incandescente, a forma é dada. Logo em seguida, vem os detalhes da peça com ela ainda quente. O roteiro acaba sendo parecido com isso. Se for um roteiro curto (história de até umas 50 páginas), dá pra fazer toda a idéia central no mesmo dia da idéia completada - você reúne as idéias e de uma vez só bota tudo o que tem na cabeça no papel. É isso aí, tudo vai no mesmo dia pro papel. No dia seguinte (com certeza a idéia ainda ta bem quente) eu faço uma revisão e com um afastamento apropriado (da hora da primeira escrita) vou cortando o que não fez muito sentido e também vou completando partes que ficariam mais interessantes com detalhes, às vezes, não tão relevantes, mas que são complementares a idéia principal.
     Infelizmente, é difícil se envolver com um tempo suficiente a uma obra maior e mesmo a histórias menores. Afinal, temos aula, trabalho, temos que beijar muito a namorada... Enfim! Mas existe uma essencialidade importante quando falamos de trabalho com quadrinho que é o compromisso com o que ta fazendo: se é importante, o planejamento à longo prazo é totalmente indispensável. Existem coisas que não vão esperar por você... se demorar demais a passar o roteiro pro papel, vai perder o interesse (pode escrever o que to dizendo). Os personagens também não têm tanta paciência, principalmente aqueles que são principais... eles mudam na cabeça o tempo todo e se não viverem a história logo de uma vez, acabamos nos perdendo com ele.

Escritos de bastidores

     Sabe a página que está no post anterior a esse? Ele não é a história em si. É uma espécie de ‘jornal’ do dia anterior ao campeonato dos meus personagens. Esses tipos de escrito são os bastidores de produção. Pra mim esse tipo de coisa ainda é um mistério. Eu não sei por que sempre fiz isso depois de terminar as minhas histórias antigas. E também antes de começar as histórias de hoje em dia. Eu estou tendo aula de metodologia em pesquisa na faculdade. Nós coletamos informações sobre o processo de produção... ou seja, é algo realmente importante para um artista. Logo, quem faz quadrinho é um artista! Que nada, somos só uns mercenários com muita sede de grana!!! (brincadeira gente, tem que explicar tudo)
     Ken Akamatsu é o desenhista de Love Hina – um dos quadrinhos referência pra mim. Ele produziu um encadernado chamado Love Hina Infinity (publicado pela JBC Mangás aqui no Brasil) onde ele conta todo o processo de produção da história desde o início e o dia de produção dos assistentes. Muita coisa parece bobagem (coisas que parecem feitas para o encadernado e não para a história), mas vai saber né?! Vai que por causa das besteiras que o negócio fez sucesso! A gente já sabe como é o povo, não é mesmo!? Rsrsrsr....

Capa de Love Hina Infinity - JBC Mangás